Capitã Helena Beilfuss Santana comanda a 2ª Cia. da Brigada Militar de Nova Prata, responsável por 17 municípios da região.
Foto: Cláudia Valéria Graff
Desde setembro de 2013, o comando da 2ª Cia. da
Brigada Militar de Nova Prata está sendo conduzido pela Capitã Helena Beilfuss Santana.
Nesta entrevista exclusiva concedida ao Jornal Popular, ela nos fala um pouco sobre a atuação da BM na cidade neste período, as ações desenvolvidas e o projeto de
construção de um novo quartel, próximo ao Presídio Estadual.
Acompanhe e boa leitura.
Jornal Popular - Fale um pouco sobre o trabalho que a Brigada Militar está realizando em Nova Prata.
Capitã Helena - Assumi o comando da Brigada Militar no dia 13 de setembro de 2013 e tenho como característica trabalhar sempre muito próxima à comunidade, pois
acredito que esta integração seja necessária. Não há como trabalharmos de forma isolada, com polícia de um lado e comunidade de outro. Esta aproximação tem sido muito
interessante e muito boa para a Corporação. A comunidade tem nos auxiliado bastante, na questão de recursos materiais e em apoio em outras questões também. Só não pode
nos auxiliar no que se refere ao efetivo, que está defasado, uma vez que o número de policiais que temos não é o ideal para o município. Esta situação ocorre nos
outros municípios que compõem a nossa Companhia, que são em número de 17, cuja sede é Nova Prata.
Em relação às ocorrências, nosso município não é violento, não há um índice grande de ocorrências. Se compararmos a Bento Gonçalves, por exemplo, onde neste ano já
aconteceram seis homicídios e Nova Prata não tem essa característica. Roubos, onde há emprego de armas, de violência, praticamente não temos em nossas ocorrências. O
que existem são os furtos que incomodam bastante a comunidade, praticados por usuários de drogas. Isso não é um "privilégio" de Nova Prata, pois existe em outros
municípios esta situação de consumo de drogas, que é grande e que acaba desencadeando outros delitos, principalmente o furto, ou inicialmente o furto, porque depois o
delinquente acaba indo para o roubo, para delitos mais graves.
JP - Como surgiu a ideia da criação do Pelotão de Operações Especiais da BM?
Capitã Helena - A ideia surgiu em razão de termos uma companhia grande, composta por 17 municípios, que apesar de no dia a dia possuírem uma rotina muito
tranquila no que se refere a segurança pública, por outro lado alguns municípios já foram vitimados com grandes ocorrências, como assaltos a bancos com reféns,
inclusive com policiais feitos de reféns. Assim, o nosso Grupo de Operações Especiais, integrante do Pelotão de Operações Especiais de Bento Gonçalves, composto por 06
policiais militares, passou a apoiar o efetivo das Frações pequenas, circulando pelos 17 municípios.
O Pelotão de Operações Especiais está preparado para atender ocorrências de menor gravidade até ocorrências mais graves, passam por treinamento semanal e usam
armamento diferenciado. Assim como atendem ocorrências de trânsito, abordam condutores, confeccionam autos de infração de trânsito, também atendem ocorrências mais
graves, como, por exemplo, um roubo ou furto. Exemplo: os ataques às agências bancárias. Neste sentido, temos intensificado bastante as ações do POE na madrugada, uma
vez que novamente os delinquentes retornaram a explodir agências bancárias, exemplo, a recente tentativa no município de União da Serra. Ou ainda, os furtos realizados
com a utilização de maçarico, ocorrido recentemente em Nova Prata.
Além do trabalho realizado no trânsito e de atendimento de ocorrências, o POE trabalha em eventos, dentre eles o futebol, rodeios, carnaval, no qual trabalhou muito
este ano, pois tivemos diversas situações em Nova Prata - não tão graves - mas bastante incidentes, como perturbação da tranquilidade, lesão corporal provocada em
razão de briga, inclusive com policiais restando lesionados, desacato e consumo de drogas.
O POE utiliza armamento diferenciado, pois ele atende desde situações mais simples até as mais graves. O policial do POE pode estar atendendo a uma situação de
trânsito e, de repente, ter que sair para atender um assalto, por exemplo. Então, ele está sempre com seu armamento, e as pessoas não devem ficar surpresas com isso.
Até porque, logo verão nas ruas outros policiais utilizando um armamento melhor. Na última consulta popular foram previstos kits armamento para a nossa Companhia.
Nesses kits estão previstos fuzis, inclusive. Com isso, estaremos armando melhor nossos policiais, não apenas o POE. Talvez as pessoas não gostem, se sintam
intimidadas e entendam que é até abusivo um policial abordar utilizando uma arma pesada, mas essas pessoas também necessitam estar conscientes que poderá haver um
momento que elas necessitarão do policial e dessa arma, numa situação grave com pedido de socorro, quando ligarão para a Brigada Militar. O policial militar deve estar
bem armado e treinado para enfrentar o crescente número de delinquentes que estão por aí e que estão muito bem armados. Nossos policiais são verdadeiros heróis, e
muitas vezes, para proteger o patrimônio de pessoas que nem conhecem arriscam suas vidas correndo atrás de bandidos, melhores armados que a polícia, e a comunidade
sabe muito bem da realidade que falo. Que polícia queremos? Acredito que a resposta é: uma polícia bem armada. Por outro lado, queremos que essa mesma polícia solte
suas armas para realizar a abordagem em uma concentração de carnaval?
Além do armamento, também estamos preparando uma viatura melhor para os policiais do POE e contando com o significativo auxílio da comunidade, que tem sido muito
parceira da BM. É uma caminhonete que está sendo consertada pela comunidade e terá todas as condições de um melhor enfrentamento, inclusive com a utilização de vidros
blindados. Nosso agradecimento a comunidade de Nova Prata que tem nos apoiado, abraçando junto com a Brigada Militar os anseios da comunidade no tocante a segurança
pública.
JP - Como foi o trabalho realizado no Carnaval pelo POE?
Capitã Helena - Nós ajustamos entre os policiais uma forma de conduta para atuação no carnaval de que se não houvesse a reclamação insistente e o registro por
parte das vítimas em relação à perturbação da tranquilidade, nós somente orientaríamos os integrantes da concentração. Mas, infelizmente tivemos uma situação em que
houve a insistência de vítimas, bem como a realização do registro policial, isso na sexta-feira, ocasião em que a Brigada Militar compareceu no local da ocorrência,
flagrou o excesso de som, recolheu toda a aparelhagem e os instrumentos musicais que estavam nessa concentração e por fim lavrou boletim de ocorrência por perturbação
da tranquilidade. No sábado, outro vizinho esteve na Brigada Militar, confeccionando um outro boletim de ocorrência de perturbação da tranquilidade, queixando-se da
mesma concentração. Quanto as outras concentrações, o trabalho foi somente de orientação.
O fato da BM ter tomado providências não agrada as pessoas que estão ali, que fazem parte da concentração. Mas, por outro lado, a Brigada não pode se omitir,
prevaricar, uma vez que não houve somente o flagrante da existência de som alto, pois antes dele, havia uma parte reclamante que solicitava providências de
polícia.
Em uma outra concentração, encontramos drogas, inclusive com menor fazendo uso de substância entorpecente. Foi lavrado também um boletim de ocorrência, os pais foram
chamados e acompanharam todo o registro policial, juntamente com o Conselho Tutelar. Nós alertamos, passamos quase em todas as concentrações e foi em uma única que nós
flagramos o consumo de drogas.
JP - No ano que vem, esse procedimento no Carnaval irá ocorrer novamente?
Capitã Helena - Para o próximo carnaval queremos nos organizar melhor em conjunto com o Conselho Tutelar e novamente realizar essa fiscalização das
concentrações, num trabalho preventivo, inicialmente alertando os integrantes. Esse trabalho foi gratificante, principalmente porque os jovens de algumas
concentrações nos agradeciam dizendo que nunca tinham visto um trabalho sendo feito dessa forma, com tanta preocupação de nossa parte e do Conselho Tutelar, de ir até
lá e orientá-los, além de nos colocarmos à disposição durante o carnaval para o que necessitassem.
Além disso, pudemos visualizar nas concentrações muitos jovens responsáveis, dizendo "Hoje eu não bebo, estou cuidando do grupo. Amanhã eu bebo e o meu colega é que
vai ficar responsável". Então, para o ano que vem vamos continuar esse trabalho, os blocos podem contar com a BM. Aqueles que estão corretos, que estão ali somente
para se divertir não há porque ter receio dessa atuação da polícia, pois nossa intenção é de realmente colaborar para que tenhamos um evento tranquilo, com o mínimo
possível de ocorrências.
JP - Existe a possibilidade da construção de uma sede da corporação em Nova Prata?
Capitã Helena - Sim. Estamos com um projeto para mudança de sede. Somos uma Companhia, com 17 municípios, e a estrutura de nosso quartel é pequena. Com certeza
um prédio novo facilitaria nosso trabalho, nos daria melhores condições de atender a comunidade, bem como um melhor ambiente de trabalho para nossos policiais. Estamos
dando início ao encaminhamento de uma documentação com possibilidade de construirmos o quartel da Brigada Militar de Nova Prata ao lado do Presídio Estadual. O
administrador do Presídio - Sr. Paim, é favorável e isso, com certeza, facilitaria o trabalho dos integrantes da SUSEPE também. O fato de a BM estar com sede ao lado
do Presídio contribuiria também na prevenção das fugas de apenados, em razão da grande circulação de policiais e viaturas no local.